Há 30 anos a voz de Galvão Bueno entrava sem pedir licença na casa dos brasileiros e fazia a manhã daquele domingo, no Dia do Trabalho, virar um pesadelo. O ídolo, o herói que despertava orgulho de um país inteiro, passava reto na curva Tamburello e chocava-se com um dos muros mais temidos da Fórmula 1. Ayrton Senna já teve sua história contada de diversas maneiras, mas não como poderá ser conferida a partir de quarta-feira, 1º de maio, dia que marca as três décadas da morte do piloto. “Senna por Ayrton”, nova série documental Original Globoplay, produzida pelo Núcleo de Documentários do Esporte da Globo, conta essa trajetória através do olhar do protagonista, em primeira pessoa. A obra foi toda construída com base em imagens de acervo.
‘Senna por Ayrton’ tem direção de Rafael Pirrho e Rafael Timóteo, que também assinam o roteiro ao lado de Camila Côrtes e José Emílio Aguiar. A série em três episódios foi feita a partir de uma pesquisa em cerca de 150 horas de gravações em arquivos da Globo – e também de outros veículos de comunicação brasileiros e estrangeiros. “Senna é um personagem enorme na história do Brasil e já foi muito bem biografado algumas vezes. O que a gente propôs, então, foi que ele narrasse a própria trajetória, a partir de longa pesquisa por muitas entrevistas que ele deu, não apenas para a Globo. Seguimos sempre pelo ponto de vista dele sobre tudo o que viveu”, destaca o diretor e roteirista Rafael Pirrho.
Uma entrevista feita pelo cantor Roberto Carlos com Senna para o especial de fim de ano do artista, em 1988, abre a série documental. O piloto havia acabado de se consagrar campeão mundial e pegou uma carona no carro conversível do cantor. “Na estrada eu prefiro ficar na direita e ir com motorista”, provoca Senna. “Também é humorista, né? Então canta um pouquinho aí agora. Porque eu também gosto de dirigir com alguém cantando”, retribui o cantor, em tom descontraído.
“Nós pensamos que tentar contar a trajetória do Ayrton Senna em primeira pessoa seria uma homenagem original e ainda traria uma visão íntima para quem não conheceu o personagem. Da mesma forma, para quem viveu a jornada dele é uma forma diferente e emocional de revisitar essa história”, ressalta Gustavo Poli, Diretor de Programas e Conteúdo Digital do Esporte da Globo.
O primeiro episódio mostra o começo de vida de Ayrton. O início da paixão pelo automobilismo; o título da Fórmula 3, em 1983, que o credencia a fazer seu primeiro teste na categoria máxima do automobilismo; o acerto com a Toleman; a estreia e o primeiro pódio na Fórmula 1, em 1984; a primeira vitória, no ano seguinte, já pela Lotus; a relação conturbada com outro piloto brasileiro, Nelson Piquet; a ida para a McLaren, em 1988; e o primeiro título mundial. Já o segundo episódio aborda o namoro de Senna com a apresentadora Xuxa, um dos mais comentados da época. Depois, a temporada 1989, com a rivalidade cada vez mais acirrada com o companheiro de equipe Alain Prost, que culmina na saída do piloto francês da McLaren ao fim daquele ano; o polêmico desfecho do campeonato, que deflagra uma guerra de Senna com o presidente da Federação Internacional de Automobilismo; o bicampeonato mundial em 1990; a sofrida primeira vitória no Brasil e o tricampeonato, ambos em 1991. Por fim, o terceiro episódio navega pelos anos de 1992 e 1993, quando Senna encontra dificuldades por não conseguir ser competitivo com a McLaren a ponto de brigar por mais títulos mundiais. A partir daí, começa a alimentar o sonho de ir para a equipe Williams, que possuía, naquele momento, o melhor carro do grid. Depois de longa negociação, o acordo é costurado para 1994. Porém, essa parceria não dura muito. Após dois abandonos, Senna chega a Ímola pressionado. O fim de semana mais triste da história da Fórmula 1 encerra a trajetória de um ícone.
Os três episódios de ‘Senna por Ayrton’ estarão disponíveis aos assinantes do Globoplay a partir desta quarta-feira, dia 1º. Um material que dá a dimensão de quem foi o piloto capaz de conquistar a admiração de pessoas no mundo inteiro e mostra porque, mesmo 30 anos após a sua morte, Senna ainda é considerado por especialistas um dos melhores da história.
