Rodoanel: Em audiência pública em Betim, prefeitos aprovam alterações propostas por Vittorio Medioli, discussão continua na próxima semana

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Janine Moraes

O prefeito de Betim, Vittorio Medioli, recebeu, na tarde desta quinta-feira (4), oito prefeitos, dentre outras lideranças, de municípios da região do Médio Paraopeba e da Grande BH. O encontro ocorreu em audiência pública que apresentou e discutiu a proposta alternativa de novo traçado para o Rodoanel Metropolitano. A reunião com integrantes dos poderes Executivo e Legislativo dessas cidades foi realizada no auditório do Centro Administrativo João Paulo II.

O projeto liderado pela Prefeitura de Betim contrapõe as duas propostas do Governo de Minas. Enquanto o desenho do Estado estabelece um traçado que corta as cidades de Betim e Contagem ao meio, incluindo a Área de Preservação Ambiental (APA) Vargem das Flores, localizada entre os dois municípios – ocasionando diversos pontos de estrangulamento no trânsito já pesado das BRs 381 e 040, além de impactos negativos ambientais, habitacionais, econômicos e de mobilidade urbana -, o projeto coordenado por Betim propõe um traçado que contorna as duas cidades e que beneficia, também, outros municípios da região.

O secretário municipal de Ordenamento Territorial e Habitação, Marco Túlio Freitas, explica que a proposta de Betim amplia em 12 km o traçado desenhado pelo Estado. “Nosso traçado é maior porque contorna os municípios em vez de cortá-los ao meio passando por cima de uma APA, como fez o Estado. Esse contorno proposto por nós, além de não gerar esse impacto ambiental, interliga ainda as cidades de Esmeraldas e Ribeirão das Neves. Além disso, propomos duas vias secundárias – uma que liga Brumadinho à Via Expressa, com 24 km, e uma que liga Ibirité à Mutuca, com 11,89 km. Nosso objetivo, com isso, é contemplar todos os municípios do Médio Paraopeba em uma proposta única. Além disso, nosso desenho também propõe interligações entre as BRs 381 e 262, o que, logisticamente, integra ainda os municípios de Bicas e Igarapé, diferentemente do traçado do Estado que exclui essas cidades. É importante ressaltar, por fim, que nosso traçado passa sobre áreas rurais, o que não interfere nos pólos urbanos, não ocasionando, por exemplo, desapropriações, e inclui áreas para expansões urbanas. São ganhos ambientais, urbanísticos, logísticos, sociais e econômicos, porque mesmo com 12 km a mais, não teremos custos com desapropriações, que são muito elevados”.

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Antes de apresentar o desenho, o prefeito Vittorio Medioli destacou que o Estado não levou em conta o projeto alternativo. “Não fomos levados à sério. Esse traçado do Estado interrompe bairros. Teria que se construir novamente rede de esgoto, de drenagem e de iluminação, por exemplo. Seria um impacto devastador. Um transtorno de obras por anos, com desconfortos de transferências de moradias, disputas judiciais, dentre outras consequências. É um conceito difícil de entender. Você já viu algum anel viário atravessando dessa forma cidades como São Paulo e Rio de Janeiro? Levamos anos para construir uma cidade, agora não podemos destruí-la para se tornar uma travessia. É necessário respeitar a população. Se reuniram com empreiteiras, mas não ouviram a comunidade”.

União de forças

“Penso que temos que ter diálogo entre as cidades e com o Estado. O Governo de Minas terá que nos ouvir. Esse traçado apresentado pelo prefeito Vittorio Medioli é muito importante para as demais cidades. Temos que evitar impactos ambientais e habitacionais. Em Betim e Contagem, mais de 5 mil famílias teriam que ser realocadas. Vejam a complicação. Quando vemos esse traçado proposto pelo Estado, pensamos: será que aumentar 12 km não é melhor do que ter que indenizar todas essas famílias? Além disso, Brumadinho entende que precisa ser beneficiada com o Rodoanel. Até porque, esse recurso indenizatório é resultado de uma tragédia. Fiquei muito convicto de que o melhor caminho é esse apresentado aqui”, destacou o prefeito de Brumadinho, Avimar de Melo. 

A prefeita de Contagem, Marília Campos, salientou a ação conjunta entre Betim e Contagem. “Agradeço a Medioli por ter reconhecido que nossa proposta pode contribuir com o novo desenho. Nosso objetivo aqui é a união. O Estado não resolveu os impactos negativos de seus projetos. E, se nos unirmos, teremos mais força para garantir o que é bom para todos os municípios dessa região. Acredito que é possível construir esse traçado. O do Estado resolve o problema do Anel, mas cria outros problemas para Betim e Contagem. Ele corta a bacia de Vargem das Flores, o que ocasionará um impacto tão grande que pode até secar a bacia. É uma preocupação pelo direito à água, tão necessária para tudo o que precisamos. Há, também, outra repercussão, que é a do impacto de cortar a cidade. Isso afeta o cidadão, a economia, a mobilidade. Alegam que nosso traçado aumenta a quilometragem, mas queremos um mínimo de qualidade de vida. O que o Estado propõe certamente terminará em disputa judicial e a Prefeitura de Contagem será a primeira a acionar a Justiça. Não vamos deixar que cortem a bacia de Vargem das Flores”.

O prefeito de Ribeirão das Neves, Junynho Martins, afirmou que os municípios estão “de mãos dadas”. “Somos cidades vizinhas. Os problemas são comuns. Precisamos pensar em conjunto. Temos pressa em resolver isso, então precisamos de agilidade para seguir fazendo isso de mãos dadas. Estamos juntos”.