Cecília Queiroz, reconhecida como Mestra da Culinária de Igarapé, é um exemplo de como a tradição e o empreendedorismo podem transformar vidas. Sua trajetória começou a ganhar novos rumos em 2017, durante a primeira edição do Festival Igarapé Sabor, realizado na Praça Miguel Henriques da Silva, no Centro da cidade. Na ocasião, ao apresentar uma receita de família – o tradicional biscoito frito –, ela percebeu que poderia não apenas celebrar suas raízes, mas também fazer da culinária o sustento e o projeto de vida de toda a família.
A iguaria, feita com a receita da mãe e servida no café da manhã de uma casa com nove filhos, rapidamente se tornou um dos quitutes mais disputados do evento. “Era o que nossa mãe fazia para o café da manhã. O cheiro, o sabor… tudo me traz lembranças que hoje divido com o público”, relembra Cecília. Desde então, a empreitada familiar não parou de crescer: suas três filhas, os genros e até a neta abraçaram o mesmo caminho e hoje trabalham juntos no ramo da alimentação.
Em 2025, a dedicação à culinária ganhou endereço fixo com a inauguração do Café Sabor de Vó, em Igarapé. O espaço é um tributo às mulheres da família, e cada item do cardápio carrega um nome e uma história. O biscoito frito, carro-chefe da casa, leva o nome de Vó Maria, a Maria Antônia de Jesus. Já o bolo de cenoura com calda de chocolate à parte homenageia a Tia Tuca, enquanto o pão de batata ganhou o nome da própria Cecília.
As homenagens não param no cardápio. Fotografias de família decoram as paredes do café, que também conta com um fogão a lenha e café passado na hora, reforçando o ambiente acolhedor e afetivo. Para Cecília, preservar e compartilhar os sabores da culinária mineira é mais do que uma missão: é uma forma de manter vivas as memórias e o legado de gerações. “É uma grande responsabilidade, mas é algo que faço com muito gosto e dedicação”, afirma.
