No mês de janeiro, diversas organizações em todo o mundo se unem em uma campanha global por um mundo livre da hanseníase. Em Betim, para marcar a luta contra o preconceito e combater a doença será realizado o 27º Concerto Contra o Preconceito, entre os dias 21 e 26, na Colônia Santa Isabel.
O tradicional evento, que relembra um importante período da história do município, é promovido pela Prefeitura, por meio da Fundação Artístico-Cultural de Betim (Funarbe), em parceria com o Movimento de Reintegração das Pessoas Atingidas pela Hanseníase (Morhan Betim), a Associação de Moradores da Colônia Santa Isabel e a Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig).
Para o Presidente da Funarbe, Dudu Braga, muito mais que uma festa, o Concerto Contra o Preconceito conta para as gerações atuais histórias que fazem parte da memória dos moradores da Colônia Santa Isabel. “É com muita alegria que realizamos o 27ª Concerto Contra o Preconceito, que terá diversas atividades, que trazem bem estar, promovem a região e aumentam a autoestima dos moradores da Colônia. Além disso, a festa traz um alerta à população sobre a hanseníase e é um importante movimento de combate ao preconceito”, afirmou Dudu Braga.
Além dos shows musicais, que serão realizados nos dias 25 e 26, atividades culturais, sociais e de educação em saúde serão promovidas na Semana Municipal de Combate ao Preconceito e Ações em Hanseníase, a partir da terça-feira, 21.
As ações foram preparadas para esclarecer a população sobre a doença, que tem cura e, se tratada precocemente, não deixa sequelas. Além de chamar a atenção sobre o preconceito, que ainda sofrem os antigos moradores da Colônia Santa Isabel, que foi uma das maiores colônias de hanseníase do país.
De acordo com o coordenador do Morhan Betim, José Roberto de Oliveira, o Concerto Contra o Preconceito é de suma importância para que as pessoas conheçam a história da Colônia Santa Isabel, além de se informarem sobre a hanseníase. “O concerto abre as portas da Colônia para fazer a integração com a comunidade, mostrando que não há porque ter preconceito. Essa é a maior grandeza do evento”, afirmou José Roberto.
Confira a programação e participe:
DIA 21 DE JANEIRO
8h
Café da Memória – Local: Centro de Memória e Ação em Hanseníase Luiz Verganim
Abertura da Exposição Tributo á Roberto Pereira – Betão – Local: Centro de Memória Luiz Verganim
DIA 22 DE JANEIRO
9 h
Blitz Educativa sobre hanseníase – Local: Centro de Betim, no cruzamento das avenidas Governador Valadares e Amazonas.
18h30
Cine Funarbe – Local: Praça da Matriz da Colônia Santa Isabel
DIA 24 DE JANEIRO
9h às 17h
Seminário Desafios da Hanseníase: Passado, presente e Futuro – Local Centro de Memória e Ação em Hanseníase Luiz Verganim
14h
Forró Sem Preconceito (Terceira Idade)
19 h
Apresentação teatral do Grupo Akawan – Uma história em 4 destempos – Local: Cine Teatro Gloria
Cine Funarbe – exibição do documentário “Filhos Separados pela Injustiça” – Local: Cine Teatro Glória
Dia 25 de Janeiro
7h
Caminhada com o grupo Guerreiros das Gerais do Bandeirinhas à Colônia Santa Isabel – Local de concentração: rotatória do Verdurão, no Bairro Bandeirinhas
18h
Shows na Praça da Matriz da Colônia Santa Isabel
19h30 – Tony e Helton
21h – Danilo Reis e Rafael
Dia 26
8h
Missa em Ação de Graças às pessoas acometidas pela hanseníase – Local: Paróquia de Santa Isabel
10h
Passeio Ciclístico Sem Preconceito – Local de concentração: Praça da Matriz da Colônia Santa Isabel
14 h
Torneio de Truco Sem Preconceito
15h
Grito de carnaval sem preconceito – apresentação dos grupos Unidos do Liberato e Cueca do Avesso – Local: Praça da Matriz da Colônia Santa Isabel
16h
Shows na Praça da Matriz da Colônia Santa Isabel
16h – Grupo Obsessão
17 h – Amantes do Samba
19h30 – Chama Chuva
21h30 – Lucas Barbosa
A Colônia Santa Isabel
Construída como alternativa para o controle da hanseníase, crescente no Brasil na década de 1920, a Colônia Santa Isabel recebia pacientes portadores da doença do Estado de Minas Gerais e de outras regiões do país. Por meio da ação de “médicos caçadores”, os enfermos eram isolados do convívio social, separados de suas famílias e internados compulsoriamente no hospital, inaugurado em 1931.
Mais tarde, próximo à Colônia, surgiu o bairro Citrolândia, criado especialmente para abrigar familiares dos pacientes. Por vários anos, os moradores da região sofreram com o preconceito. Somente no fim da década de 1980, com a mudança da política nacional em relação às 33 colônias de hansenianos existentes no Brasil, os pacientes receberam alta e os portões da Colônia Santa Isabel foram abertos.
Sobre a Hanseníase
De acordo com o Ministério da Saúde (MS), a hanseníase é uma das doenças mais antigas da humanidade. As referências mais remotas datam de 600 a.C. e procedem da Ásia, que, juntamente com a África, são consideradas o berço da doença.
Conhecida anteriormente como lepra, a doença passou ser denominada hanseníase pelo MS a partir de 1976, como forma de minimizar o preconceito atribuído à doença.
A hanseníase é uma doença crônica, causada pela bactéria chamada Mycobacterium leprae, ou bacilo de Hansen. Ela ataca os nervos periféricos, a pele e a mucosa nasal, podendo também afetar outros órgãos como o fígado, os testículos e os olhos, levando a sérias incapacidades físicas. Em estágio avançado, pode causar lesões que são as principais responsáveis pelo estigma e discriminação às pessoas acometidas pela doença.
A forma de transmissão é por meio do contato contínuo com gotículas expelidas pelo doente pelas vias respiratórias. Os principais sintomas são pequenas manchas de cor esbranquiçada ou avermelhada, com a diminuição da sensibilidade e dormência.
O tratamento da hanseníase é oferecido pelo SUS gratuitamente e, logo quando iniciado, a transmissão é interrompida. E, se realizado de forma completa e correta, o tratamento garante a cura da doença.
Segundo o Ministério da Saúde, o Brasil ocupa a 2ª posição do mundo, entre os países que registram casos novos da hanseníase. Em razão da alta incidência, a doença permanece como um importante problema de saúde pública no país.
De acordo com dados da Secretaria Municipal de Saúde de Betim, foram registrados 6 casos de hanseníase em residentes no município em 2019.
Casos de hanseníase notificados em Betim | |
Ano de Diagnóstico | Número de casos |
2015 | 12 |
2016 | 7 |
2017 | 16 |
2018 | 17 |
2019 | 6 |
Fonte: Vigilância em Saúde/SMS Betim. Dados atualizados até 9 de janeiro de 2020, sujeitos a alteração. |