Caixa volta a financiar até 80% do valor de imóveis com novo pacote de medidas para o crédito imobiliário

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Adeilson Andrade

A Caixa Econômica Federal anunciou, nesta sexta-feira (10), o retorno do financiamento de até 80% do valor de imóveis, em uma iniciativa que faz parte de um amplo pacote de estímulo ao crédito imobiliário no país. As novas regras começam a valer na próxima segunda-feira (13).

As medidas decorrem da alteração na regra de direcionamento da poupança, que permitirá um incremento estimado de R$ 40 bilhões no orçamento destinado ao financiamento habitacional pelo Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE) nos próximos dois anos.

Entre os principais ajustes está o aumento do teto do Sistema Financeiro da Habitação (SFH), que passa de R$ 1,5 milhão para R$ 2,25 milhões, conforme resolução publicada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). Além disso, o percentual de financiamento subirá para 80% na modalidade SAC e 70% no PRICE. A expectativa é que essas mudanças resultem em um acréscimo de R$ 3 bilhões na oferta de crédito apenas em 2025.

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Durante o evento de anúncio, realizado no Centro de Convenções Rebouças, em São Paulo, o presidente da Caixa, Carlos Vieira, destacou que o momento representa uma virada para o setor. “A construção civil é o grande alavancador da economia desse país. São ações como essa, articuladas entre governo e instituições financeiras, que permitem o avanço do Brasil e ampliam as condições de moradia para a população”, afirmou.

A cerimônia contou com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, e dos ministros da Fazenda, Fernando Haddad, e das Cidades, Jader Filho, além de outras autoridades.

Lula destacou a importância de ampliar o acesso à moradia para as famílias de classe média, que muitas vezes ficam fora das faixas de renda do programa Minha Casa, Minha Vida. “Um trabalhador que ganha R$ 8 mil, R$ 10 mil por mês também tem dificuldade para financiar sua casa. O que queremos é garantir condições dignas de moradia para todos, respeitando a dignidade humana”, disse o presidente.

A resolução assinada pelo CMN também estabelece novas condições gerais e critérios para contratação de crédito imobiliário, disciplinando o uso dos recursos captados por meio da poupança. A medida permitirá a elevação das operações em mais de R$ 50 bilhões ao liberar parte dos depósitos compulsórios para o financiamento habitacional.

Principais mudanças

  • Valor máximo do imóvel no SFH sobe de R$ 1,5 milhão para R$ 2,25 milhões;

  • Financiamento de até 80% do valor do imóvel (SAC) e 70% (PRICE);

  • Famílias com renda entre R$ 12 mil e R$ 20 mil poderão acessar o crédito;

  • Juros limitados a 12% ao ano no SFH;

  • Fim dos depósitos compulsórios no Banco Central, permitindo maior uso dos recursos da poupança.

Com as novas regras, a expectativa é que a Caixa financie cerca de 80 mil novas moradias até 2026. Atualmente, cerca de 65% dos recursos da poupança são destinados ao crédito habitacional, enquanto 20% ficam retidos no Banco Central e 15% podem ser aplicados livremente pelas instituições financeiras.

As mudanças também buscam reverter a tendência de queda nos financiamentos via SFH, que vêm sofrendo com saques expressivos na poupança nos últimos anos. Apenas em 2023 e 2024, as retiradas líquidas somaram mais de R$ 100 bilhões, reflexo da taxa Selic elevada e da busca dos investidores por aplicações mais rentáveis.