
A Aldeia Katurãma, localizada em São Joaquim de Bicas, será beneficiada com a construção de um espaço dedicado à comercialização de produtos artesanais e agrícolas produzidos pelo povo indígena Pataxó e Pataxó Hã Hã Hãe. O projeto, denominado Patashopping, será o primeiro a ser implementado entre as 36 iniciativas selecionadas pela Consulta Popular para Povos e Comunidades Tradicionais (CP-PCTs), destinada a moradores das áreas impactadas pelo rompimento das barragens da Vale, em Brumadinho.
A iniciativa recebeu a ordem de início nesta segunda-feira (13), concedida pelos Compromitentes do Acordo de Reparação – Governo de Minas, Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), Ministério Público Federal (MPF) e Defensoria Pública de Minas Gerais (DPMG).
Centro de referência
O Patashopping será um Centro de Referência equipado para promover a comercialização de produtos indígenas, gerando renda e autonomia para a comunidade. Além disso, o espaço desempenhará um papel crucial na preservação ambiental e cultural, bem como na educação e sensibilização da população sobre a importância dos povos indígenas.
“Esse é um importante passo no processo de reparação socioeconômica para os povos indígenas e tradicionais prejudicados pela tragédia. É um projeto construído de maneira participativa com a comunidade, que trará valorização cultural, educação cidadã e turismo para a região atingida”, destacou Luísa Barreto, secretária de Estado de Planejamento e Gestão.
Primeira etapa
Neste momento, foi autorizada a primeira etapa do projeto, que prevê o desenvolvimento do projeto de engenharia e o licenciamento da obra, com duração de 22 meses e um investimento de R$ 1,1 milhão. O financiamento é proveniente do Anexo I.3 do Acordo de Reparação, assinado após o rompimento da barragem da Vale em 2019, que causou a morte de 272 pessoas e graves impactos ambientais e sociais.
Inspiração cultural
O nome e o design do Patashopping foram idealizados pelos membros da Aldeia Katurãma. O espaço terá o formato de um Maracá, instrumento sagrado utilizado pelos Pataxós, e contará com cobertura de palha piaçava, reforçando as tradições indígenas.
“Esse projeto é um sonho de todos nós da aldeia, porque um sonho sonhado sozinho é vazio. Queríamos algo diferente, e o Maracá, nosso instrumento sagrado, representa nossa espiritualidade. O projeto foi elaborado pelo nosso arquiteto e vice-diretor, Antônio Carlos”, explicou a Cacica Célia Angohó, liderança da aldeia.
Estrutura
A construção terá uma área de 458,22 m², com 11 lojas, cinco quiosques, área de exposição e estruturas de apoio, como banheiros, vestiários e cozinha. Com capacidade para até 80 pessoas no espaço interno e 56 na área externa, o Patashopping também contará com soluções sustentáveis, como captação de águas pluviais, usina fotovoltaica e sistemas de tratamento de efluentes.
A expectativa é que o Patashopping não só valorize a cultura indígena, mas também impulsione o turismo e a economia local, fortalecendo a identidade e a autonomia da Aldeia Katurãma.