Com 30 anos de mandato como deputado
estadual, Ivair Nogueira (PMDB) agora quer ser prefeito de Betim e nessa
entrevista fala dos desafios e projetos para a cidade.
Com uma trajetória de 30 anos na política, seis mandatos de deputado estadual, o que motiva o senhor a deixar o legislativo e retornar ao executivo, disputando a Prefeitura de Betim?
Eu vinha sendo procurado por muitas lideranças políticas e comunitárias de Betim, com incentivo e até mesmo cobranças para que eu me candidatasse para voltar à Prefeitura. Concordo muito com aquela máxima de que a partir do momento que você entra na vida pública, você deixa de ser dono do próprio destino. E essa cobrança foi aumentando e me motivando, porque não deixa de ser uma grande manifestação de confiança e reconhecimento ao nosso trabalho, como prefeito em 1991-1992 e depois como deputado. Então, como o PMDB estadual também havia estabelecido que toda cidade com população acima de 200 mil habitantes deveria ter uma candidatura própria do partido, começamos a discutir as possibilidades em Betim. Inicialmente, pensamos no lançamento do ex-vereador Totonho de Melo e ele considerou que não era o momento dele. Daí, conversando muito com as pessoas e analisando o quadro político sobre a minha candidatura, as coisas foram evoluindo, clareando e com boa aceitação e apoio, consolidou-se a minha pré candidatura a prefeito. Essa definição também teve a aprovação plena pelas lideranças do partido em Minas, inclusive do presidente do PMDB estadual e vice-governador do Estado, Toninho Andrada, e do presidente da Asssembleia Legislativa, Adalclever Lopes. Estes, como muitas lideranças de Betim, consideram que todos esses anos de experiência adquirida com trabalhos como secretário de Obras, vice-prefeito e prefeito de Betim, e com seis mandatos de deputado me credenciam à disputa. E se for a vontade de Deus e do povo de Betim que eu assuma a Prefeitura, vamos elaborar um novo projeto de gestão para o município que vive uma situação muito delicada e precisa de mudanças administrativas e até da mentalidade política.
Já tem uma data para a definição do candidato a vice-prefeito na chapa do PMDB? Quais os nomes mais cotados?
Na verdade, a data é a da convenção que vai ocorrer em junho. E nas redes sociais, principalmente, estão especulando que esse ou aquele será meu vice. Mas o que tenho a dizer a todos é que, hoje, o que está mesmo decidido é que eu, Ivair Nogueira, sou pré-candidato a prefeito de Betim, pelo PMDB.
Quanto ao vice, só mesmo na convenção. Estamos conversando com muitos pré-candidatos a vice e alguns até podem sair candidatos a prefeito. Mas ainda temos um relativo tempo para continuar discutindo e ouvindo a população para a gente encontrar o melhor perfil do candidato a vice-prefeito, para que, amanhã, ele esteja em condições de, numa eventualidade, tendo que assumir a Prefeitura, dar continuidade à gestão implantada em benefício do município.
E a parceria PMDB-PT, ela existe em Betim?
Cada eleição é uma eleição. Nós temos uma relação muito boa com todos os partidos em Betim. Sou o tipo de político que não tem dificuldade em conversar com ninguém. O que eu vejo hoje é que o PT sinaliza por uma candidatura própria. E penso que numa cidade como Betim, com possibilidade de ter eleições em dois turnos, quanto maior o número de candidatos a prefeito, melhor será, porque dará maior oportunidade para o eleitor poder escolher o nome que entenda ser o ideal. Mas insisto, não tenho diferença pessoal nem política com ninguém, pelo contrário, estou sempre buscando o melhor entendimento, parcerias para que os trabalhos fluam com maior êxito. E é assim que vamos fazer, ao assumir a Prefeitura de Betim, unindo forças, promovendo abertura à participação de todos, como fiz quando fui prefeito. Governei com a participação da sociedade como um todo e foi um sucesso. O momento de Betim indica isso: se não houver harmonia, transigência e comprometimento, o município não conseguirá se recuperar e teremos mais alguns anos de sacrifícios.
Pois é, o próximo prefeito, tudo indica, assumirá a Prefeitura com recursos escassos. O que o senhor fará para implantar esse novo projeto?
Primeira coisa que tem que ser feita é aumentar a receita do município para que seja possível fazer investimentos nos setores essenciais de serviços à população, e não cortes, para se evitar um sacrifício maior da população que já não suporta tanta carga. Então, precisamos gerar emprego e renda e isso se faz é oferecendo condições aos distritos industriais para receber indústrias, isso aumenta a arrecadação da cidade, gera emprego e o comércio também fica aquecido pela maior circulação de dinheiro na cidade. Vamos buscar a melhor relação com os governos estadual e federal para conseguir recursos para investimentos nas diversas áreas decadentes dos serviços públicos. Temos as possibilidades de convênios para isso e para a realização de obras pontuais, conforme as demandas da população. Aí sim, poderemos corresponder às expectativas de valorização, por parte do servidor público, e de atendimento, por parte da população como um todo, em suas necessidades básicas de saúde, segurança, educação, mobilidade, enfim, expectativa de melhor qualidade de vida.
Como o senhor avalia o caos que Betim vive, especialmente em seu sistema de Saúde? Isso seria resultado da falta de planejamento?
A crise é em todo o País. Quanto ao caso de Betim, vejo que, quem assumir a Prefeitura estará assumindo uma grande dívida financeira e um grande desafio estrutural. Então, deverá tomar medidas rigorosas para ajustar a máquina e otimizar os investimentos. Sem planejamento e pulso forte nada voltará a funcionar a contento. A situação é grave e complexa, mas o novo prefeito tem que enxergar o quadro que se apresenta com muita sensibilidade e conhecimento para poder tomar decisões simplistas, sem inventar e sem achar que estará operando milagre. Quando digo isso, é porque entendo que investimento nenhum deve faltar aos serviços essenciais. Nesses casos, não se admite sequer a redução, qualquer corte. Veja como é simples, é só definir os setores que não são essenciais e realizar os cortes e paralisações parciais ou totais, mas temporariamente, até que tudo se normalize e possa voltar a funcionar normalmente, com qualidade e eficiência. Como pré-candidato não prometo nada além do que sei ser possível, mas é como uma matemática simples, se você sabe o que tem de recurso para um ano, sua única obrigação é a de planejar, ajustar a máquina, priorizar as despesas e investimentos de forma que não falte ao final do ano. E no caso de queda de receita, há de se projetarem prazos, estabelecer um cronograma de ações, para recuperar a receita total e, nesse período, adotar medidas de contenção temporária de gastos em setores em que é possível fazer isso. Insisto, serviços essenciais, jamais.
Embora seja uma cidade de quase meio milhão de habitantes, Betim tem poucos eventos culturais. O senhor pretende retornar com os eventos como Betim Rural, Feira da Paz e outros, até esportivos?
Claro! Betim Rural e Feira da Paz, por exemplo, começaram comigo e Osvaldo Franco. O Parque de Exposições foi inaugurado por mim com esse propósito de abrigar grandes eventos. O primeiro projeto do Teatro Municipal foi feito no meu governo, em 1992, e até hoje não saiu do papel. Quando fui prefeito, tinha eventos constantes na Praça da Casa da Cultura, com grandes shows, feiras ali e em diversos pontos do município, tinha motocross, bicicross, mountain bike, kart, esportes náuticos na Várzea das Flores, apoio incondicional ao esporte especializado de Betim, futebol amador. É preciso voltar com tudo isso, porque a juventude, principalmente, está esquecida. Temos que fazer muita coisa pela arte e cultura de Betim. Mas é como eu disse anteriormente. Precisamos conhecer a real situação de Betim, a disponibilidade de recursos, fazer os devidos ajustes, buscar parcerias, recursos, equilibrar as finanças e, assim, retomar os investimentos necessários. Inicialmente, vamos, com simplicidade, ver o que temos de recursos, planejar uma gestão eficiente e, paralelamente, trabalhar para a recuperação das fontes geradoras de renda para o município. Não tenho dúvida de que conseguiremos fazer isso, porque fizemos há quase 25 anos e realizamos muito, mantendo todos esses eventos citados aqui e muitos outros.
Quantos e quais são os partidos que estão caminhando com o PMDB nessa sua pré-candidatura?
Prefiro dizer que estou com o PMDB, que está ficando bem organizado, bem estruturado, com uma boa chapa de pré-candidatos a vereador. Mas estamos sempre dialogando com vários outros partidos que podem vir a nos apoiar, alguns até já se manifestaram com essa disposição, mas o momento não é o de definição, ela ocorrerá somente no período da realização das convenções. Então, temos que aguardar, mas os entendimentos estão bem encaminhados.
Alguma mensagem especial?
Sim. De otimismo, de esperança e que a cada dia a gente possa acreditar mais nas pessoas, que sejamos mais solidários e que o espírito humanitário esteja presente em todas as ações que visem o melhor para as pessoas. E é muito importante falar isso aqui, neste canal direto com os internautas, porque vejo como fundamental essa rede de relacionamento que está cada vez sendo mais ocupada por pessoas do bem, que querem compartilhar experiências positivas e combater aquilo que julgam não ser bom. Quero contar sempre com todos, quero interagir sempre mais, recebendo sugestões, boas ideias, críticas construtivas. Quero que a oportunidade de ser prefeito de Betim novamente seja também a oportunidade de seguir com este mesmo relacionamento que busco agora, bem participativo. Tenho site, facebook, twitter e estou à disposição para esclarecer dúvidas, discutir a nossa Betim e identificar as melhores expectativas para seguir em frente, com muita segurança para encarar os desafios e trabalhar em benefício da nossa cidade, da nossa população.