Por: Adeilson Andrade
Em entrevista ao Agita, Vittorio Medioli fala sobre
a preocupação com a cidade de Betim. Para ele, a saúde econômica do município
tende a piorar se a administração pública não diversificar o tipo de
investimento que faz no município. Mediolli falou também sobre a visão de uma
política apartidária e de soluções nas áreas de saúde e cultura.
1 – O senhor é proprietário de diversas empresas no Brasil e no exterior. O que o motiva a se interessar pela política?
Minha prioridade é o bem da cidade e me preocupo com a crise que Betim enfrenta e que tende a piorar. Quero deixar claro que meu pensamento vai além de uma candidatura, as propostas de governo que apresentamos foram para o bem de Betim e está à disposição de todos os candidatos que irão pleitear um cargo público municipal.
2 – A maioria ainda insiste no sistema “toma-lá-dá-cá”. Vimos que este modelo não deu certo, pois após aleito, o político precisa usar a máquina pública para pagar essas pessoas, seja com cargos comissionados ou com contratos com empresas. Em sua opinião, é possível vencer uma eleição fazendo política diferente?
Hoje o “toma-lá-dá-cá” não existe mais. Qualquer governo que se rebaixa a esse tipo de proposta vai se comprometer a fazer o interesse de um e de outro e não o interesse da população. No programa do PHS, não existe essa possibilidade, mas as pessoas capacitadas, com experiência e que têm vontade de trabalhar por Betim serão encaixadas dentro de um projeto voltado para o povo. Um projeto 100% transparente, no qual todo mundo será fiscal da prefeitura. Não vai ter roubalheira, nem desvio e nem preferências.
3 – O próximo prefeito, tudo indica, irá assumir uma prefeitura com recursos escassos. O que ele deverá fazer para driblar essa dificuldade?
Em primeiro lugar, o futuro prefeito precisa ter capacidade de negociação em nível federal, estadual e local, neste caso com os credores da prefeitura. Depois terá que analisar os potenciais que o município tem, como o patrimônio, e, se necessário, fazer vendas para quitar as dívidas. Terá também que renegociar as dívidas, alongá-las, dando fôlego às finanças, investindo bem o dinheiro que vai entrar.
4 – Como o senhor avalia o caos que Betim vive, especialmente no sistema público de saúde? Acredita que seria resultado da falta de planejamento?
Hoje, o poder público foge da responsabilidade que é prevista pela Constituição. Nossa proposta é dar para toda a população um Cartão Saúde de identificação, que servirá de acesso ao sistema municipal de saúde. No momento em que o cidadão for se cadastrar – seja adulto, criança ou idoso – ele irá fazer uma série de exames clínicos e laboratoriais que irão identificar o estado de saúde dele. Até porque, para fazer uma medicina preventiva temos que conhecer o histórico clínico de cada indivíduo. Outra proposta é criar o atendimento à distância, o cidadão liga para a central, passa o número do cartão, e a equipe médica terá acesso a todo histórico do usuário, podendo realizar uma consulta prévia pelo telefone. Com essa central, o cidadão poderá ter um atendimento precoce e imediato, e, se for o caso, uma patrulha médica ira se deslocar até a casa do usuário para atendê-lo.
Estamos propondo também a construção de três centros de média complexidade, que poderão ser viabilizados com investimentos privados. Hoje, apenas 26% dos cidadãos betinenses fazem parte da rede privada de saúde, então é interesse das empresas ampliarem seu público. Daremos incentivos às pequenas e médias empresas que aderirem ao Cartão Saúde. Esses centros terão pronto-atendimento, atendimento 24h com análises clínica e laboratorial, que poderão ser feitas na mesma hora, ala de obstetrícia, enfermaria, internação, UTI, pediatria e bloco cirúrgico de médica complexidade. Os procedimentos de alta complexidade serão transferidos para o Hospital Osvaldo Franco. Apresentamos uma planta simples, mas muito eficiente, que, inclusive, já foi aprovada por diversos médicos e sanitaristas. Uma ideia é a prefeitura transferir seus funcionários para estes centros. Um ponto importante é que todos essas unidades serão interligadas por transporte público.
O atendimento nestes centros será igualado aos do primeiro mundo. Quando o usuário chegar, ele irá apresentar o Cartão Saúde e será imediatamente transferido para o tipo de atendimento que ele precisa. Os funcionários e atendentes serão orientados a fazer um atendimento cuidadoso. As crianças terão uma ala separada. Imagina uma coisa: a pessoa chega ao centro e é internada no setor que chamamos de Hospital 24h, enquanto isso é submetida a diversos exames para saber o que ela tem, se o caso dela não for solucionado durante o período de um dia, ela será transferida para o setor de internação do centro. Teremos centro de reanimação, quatro salas de cirurgias e cerca de 120 leitos de internação em um só lugar, assim fica mais fácil de manter e de administrar. Terá também velório, obituário, restaurante, lanchonete, sala de descanso e todo o setor de administração.
Nós acreditamos que este projeto vai dar uma alavancada em todo o sistema municipal de saúde. Estamos oferecendo um serviço de saúde de qualidade para a população e motivando os funcionários, servidores, médicos e enfermeiros, que poderão trabalhar de uma maneira coordenada.
5 – Embora seja uma cidade de quase meio milhão de habitantes, Betim tem poucos eventos culturais. Qual a proposta do partido para esse setor? Pretende voltar com eventos como Betim Rural e Feira da Paz?
Promover eventos culturais é uma obrigação da municipalidade. Se não é possível organizar é preciso criar soluções para atraí-los e dar condições para que ocorram. A população precisa de cultura. Também é preciso investir no esporte para motivar a juventude. A prática de esporte ensina disciplina e inicia a introdução da educação.
6 – Ainda falando sobre cultura, existe proposta de retomar a obra do Teatro Municipal?
O teatro tem que ser finalizado. Pode-se inclusive fazer algumas parcerias com entes privados dentro da Lei Rouanet. Temos que agir, sem polemizar quem começou ou deixou de começar. Não pode ser um governo com retrovisor. Gosto de dizer que os erros servem como experiência.
7 – Quando o PHS definirá o candidato a vice?
A última preocupação que temos é com o prefeito e o vice. A preocupação do PHS é com Betim. Queremos que a cidade tenha consciência de seus problemas e conheça as formas de solucioná-los. Estamos instigando os cidadãos a refletirem. O vice pode ser o Dr. Vinícius, o Pinduca, pode ser Sapão ou o Beto, pode ser qualquer um, desde que assuma o compromisso real de fazer as coisas funcionarem. Estamos recebendo apoios de pessoas sem fazer uma partilha do poder. Nosso foco é criar uma consciência de responsabilidade de tirar Betim da situação caótica em que está mergulhada.
8 – O PHS foi o primeiro partido a lançar as propostas de governo. Como foi construído?
Foi construído dentro da experiência de um grupo. Por exemplo, eu sou administrador há 40 anos, fui parlamentar por 16 anos, participei de grandes projetos, inclusive no governo do Carlaile, quando fui formulador de várias políticas como o Primeiro Emprego, a construção de inúmeras quadras poliesportivas, a revitalização do Centro de Especialidades Divino Braga, a construção do Centro Administrativo, e as implantações da Guarda Municipal e do Transporte Alternativo. Deus me deu a capacidade de enxergar as coisas profundamente, portanto esses projetos têm minha experiência como parlamentar, como homem público, como empresário e como ser humano preocupado com o seu dever social.
Temos que resgatar alguns projetos que são muito importantes e que se perderam pelo caminho, como o Kit Reboco, o Primeiro Emprego, o Anjos da Guarda. Neste programa do PHS não estamos construindo Betim, mas rejuntando. O que foi bom, nós vamos aproveitar. Aqui, não tem partido, aqui tem o interesse municipal, tem a população.
Dentro das propostas está trazer a indústria aeronáutica e um aeroporto para Betim. Hoje, existem passagens aéreas mais baratas que o transporte terrestre. E aqui tem uma demanda absurda por este serviço, toda a região Sul de Betim, como Pará de Minas, Crucilândia, Brumadinho, São Joaquim de Bicas, Igarapé tem uma grande massa de população que tem que deslocar mais de 100 km para usar o aeroporto. Precisamos de novos projetos que mantém Betim em alta, porque a economia automobilística está despencando, a Petrobras não ampliou nenhum plano. Ou seja, Betim está paralisada em termo de capacidade há muito tempo. Um aeroporto em Betim vai multiplicar por três as potencialidades do município, porque todo mundo quer se colocar perto de um centro que ofereça este serviço.
A indústria aeronáutica cresce cada vez mais, além de construção de aviões e helicópteros, também tem o polo de fabricação de peças que atendam a aeronáutica em geral. Betim tem essa vocação, mas essa ideia tem que ser aproveitada antes que o território seja ocupado de uma forma desordenada e impossibilite o projeto.
9 – Como o senhor vê a importância do Sada Cruzeiro para Betim?
É gratificante falar sobre o Sada Cruzeiro. Nós trouxemos aqui para Betim os russos, que são campeões olímpicos, e vieram com o time reforçado por um jogador cubano e outro americano e mesmo assim nós os vencemos. E a equipe do Sada é quase toda formada por betinenses. Tenho orgulho de dizer que o time nasceu em Betim. Fomos para BH, Contagem e Itabira, mas nunca perdemos o DNA de betinense.
Fizemos com que Betim fosse conhecida mundialmente como uma cidade capacitada a receber um torneio de importância mundial. Betim tem potencial, mas precisa ser aproveitado. Deixar de lado as brigas políticas e passar a pensar em uma Betim melhor.
10 – Qual a mensagem o senhor gostaria de deixar para os betinenses?
O que devemos levar em consideração é o nosso futuro. E o futuro se constrói com atitude coerente, com boas escolhas e fazendo uma análise daquilo que nós queremos da vida. E fazer com que a vida se torne melhor só depende de nós. Se cada um der sua contribuição vamos fazer uma cidade melhor e dentro de uma cidade melhor, todo mundo ganha, especialmente a juventude. E é a juventude a minha principal motivação para encarar uma realidade com dura responsabilidade. Falo dura, porque é uma realidade que vai mexer com muitos interesses e que vai apanhar de todo lado. Mas entendo que a vida é um dever, e quando o dever bate à porta, não se tem outra opção a não ser agarrá-lo. E na minha vida, eu sempre assumo as responsabilidades de corpo e alma.